quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Revista Veja - Um hoteleiro a seu dispor

Dando aquela fuçada no Orkut, encontrei um tópico em uma comunidade onde um ex-estudante de Hotelaria apresentava sua revolta em ver que Bacharéis em Hotelaria "rebaixavam-se" em contentar-se com a posição de Recepcionista em um hotel, mesmo sendo graduados e sabendo falar outras línguas. Eu trabalhei como Recepcionista, mas esse assunto fica pra depois.


O que me chamou atenção no tópico foi o link para uma ótima reportagem da Revista Veja, de novembro do ano passado, ao qual transcrevo aqui no blog:


"Um hoteleiro a seu dispor - Bancos, shoppings, hospitais e grandes empresas passaram a contratar esses profissionais para conferir ao serviço nível de hotel de luxo


Por Marcos Todeschini


O que a jovem hoteleira Luciana Brandt, 32 anos, faz como funcionária de um shopping center de São Paulo? 'Treino o pessoal que atende os clientes, vigio a limpeza, defino o lugar dos móveis... É como se estivesse num hotel.' Ela, que já colecionava no currículo passagens por vários cinco-estrelas, beneficia-se agora de uma novidade: os hoteleiros, no Brasil e nos demais países emergentes, passaram a ser requisitados (e muito bem pagos) para prestar atendimento a clientes de todo tipo e reproduzir a rotina de um hotel de luxo nos lugares mais improváveis. Sob a supervisão deles, em grandes hospitais os lençóis (de fios egípcios, juram) são esticados com obsessão e o frigobar jamais acusa a falta de um item incluído no cardápio. Em agências bancárias, eles passaram a ser contratados como 'apaziguadores de conflitos'. Profissionais que, diante de um cliente enraivecido, têm a missão de reverter a situação com base na diplomacia. Parte dos recém-formados, naturalmente, ainda ambiciona e segue o caminho mais conhecido. No entanto, segundo uma recente pesquisa da prestigiada Escola de Hotelaria de Lausanne, na Suíça, 30% deles arranjam emprego longe dos hotéis – e a tendência é que sejam 50% até 2012. Inclusive no Brasil.


Esse é um movimento típico de países onde o setor de serviços cresce e avança – daí ter começado antes nos Estados Unidos e na Europa. O fenômeno se repete agora nos países em desenvolvimento. Diz o economista Frederico Estrella: 'A melhora no setor de serviços é uma conseqüência natural da evolução dos países, uma vez que a demanda por qualidade sobe'. É nesse cenário que os hoteleiros vivem seu apogeu. Eles estão entre os profissionais de formação mais diversa. Na universidade, recebem aulas de administração e diplomacia, direito e etiqueta, além de 'administração de crises', quando são treinados para enfrentar situações de alta tensão no papel de atendentes. O aparente glamour do curso, por onde circulam estudantes de paletó e moças de tailleur (uniforme obrigatório), desfaz-se diante de tarefas como arrumar camas e faxinar banheiros. A idéia é que adquiram pelo menos uma noção sobre tudo o que se passa num hotel. O estudante carioca Matteo Basadonna, 23 anos, da Estácio de Sá, que "nunca havia feito uma cama na vida", resume o clima na faculdade: 'Há um choque inicial, mas depois a gente se acostuma e até gosta do trabalho pesado'.


Ele e os outros sabem que as chances de conseguir um emprego são bem altas: 85% deixam a faculdade com uma oferta de trabalho. Nas demais carreiras, 50% dos estudantes, em média, têm a mesma sorte. É isso que vem atraindo tanta gente para os cursos de hotelaria. Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), só neste ano a procura aumentou 36% – o que explica o fato de haver gente de sobra para os hotéis e ainda para tantas novas ocupações. O ensino, também, subiu de nível. Até o fim da década de 60, hotelaria não passava de mais um curso técnico sem status. As primeiras faculdades surgiram nos anos 70, como conseqüência da profissionalização dos hotéis no país – até então, negócios tipicamente familiares. O rápido crescimento no número de faculdades é bem mais recente.


'O curso de hotelaria tem hoje o objetivo de formar pessoas preparadas para prestar atendimento de bom nível em qualquer área, algo ainda raro no Brasil", diz Claudio Luiz Silva, à frente do curso do Senac, um dos melhores do país. Justamente por isso, encaixam-se em tantas posições, como a nova 'treinador de recursos humanos'. 'Com os hoteleiros, o pessoal de RH aprende a ser mais agradável e comunicativo', explica o indiano Yateendra Sinh, diretor da Escola de Lausanne. Também no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, há dez desses profissionais para recepcionar pacientes, empreender rondas em busca de imperfeições no serviço e atender a eventuais caprichos dos hóspedes – esta última, uma especialidade de Carmen Gomes, a chefe do setor de 'hospitalidade': 'Já me pediram caviar no meio da madrugada e até uma mesa de escritório para uma reunião de negócios no quarto'. Novas demandas na árdua vida dos jovens hoteleiros."


Revista Veja, 28 de novembro de 2008



No site da revista ainda é possível dar uma olhada em uma tabelinha que mostra onde e como o profissional hoteleiro pode ser útil.

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